sábado, 2 de maio de 2009

"Tambor
dá assas a nosso grito contido há séculos
grita
nada de pequenos lamentos inúteis
nada de pranto
grita
tambor
grita
estamos do lado de fora
com as mãos vazias
e as portas estão fechadas
com chaves de desamor
grita
tambor
grita
temos sede de vida
e estamos cansados de tanta dor"

Tambor nº 1 de Carlos Assumpção
"Há o tema do negro e há a vida do negro.
... Mas uma coisa é o negro-tema, outra o negro vida."

Guerreiro Ramos
Um exército de palavras
se faz necessário
para nosso querer.
E que façamos guerrilhas
contra essa calmaria geral.
Há quem pintamos
um novo quadro
de momentos
que foram eternidades
em nossa pele.

(Rodrigues, Abelardo. Batalha. In: Axé - Antologia Contemporânea da Poesia Negra Brasileira. São Paulo, Global, 1982.)
As culturas de matrizes africanas ao longo tempo têm sido silenciadas e apagadas em nosso país. No entanto, temos em nossa sociedade um legado cultural pautado em tradições orais que constituem um patrimônio imaterial de matriz africana que foi conservado por meio da memória, relatos orais, impressionantes histórias e poemas cheios de encantos.
Partindo do pressuposto que a poética nasceu para esconder os fatos, pode-se dizer que o poder da criação poética revela particularidades singulares desse povo que cria estratégias poéticas, espaços próprios de resistências, de construções de vida.
Neste espaço esperamos vê-lo recheado dos saberes de matrizes africanas, divulguem as histórias e poemas do nosso povo negro.

domingo, 5 de abril de 2009

NEGO NAGÔ



1-Eu vou tocar minha viola - a - a, eu sou o nego cantador.

O negro canta deita e rola - a - a, lá na senzala do Senhor.

Dança aí, Nego Nagô! Dança aí, Nego Nagô!

Dança aí, Nego Nagô! Dança aí, Nego Nagô - ô - ô -ô -ô -ô -ô...

2 - Tem acabar com essa história, de o negro ser inferior. O negro é gente e quer escola, quer dançar samba e ser doutor.

3 - O negro mora em palafita, não é culpa dele não, A culpa é da abolição, que veio e não o libertou.

4 - Vou botar fogo no engenho aonde o negro apanhou. O negro é gente como o outro: quer ter carinho e quer amor.